Pássaro livre

Voou para o meu ombro em plena suavidade

Fez casa na nudez da mão em concavidade

Ali foi a paz que a vida do céu lhe deu

Num aconchego calado onde o frio aqueceu

Chilreou por entre o silêncio da minha respiração

Nem sei se foi amor ou uma breve paixão

Foi quente em afecto na sua alegre brevidade

Mas tal como eu ama a inocente liberdade

Como te compreendo meu lindo passarinho

Para quê ter asas e ficar preso no ninho?

Para quê o sonho se o voo fica pelo caminho?

Para quê a minha mão se o teu lugar é o destino?

Voa, voa em felicidade até que a distância não te veja

Quem me dera esta liberdade quando a vida me troveja

Luísa Rafael

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Porto, Portugal