“Barateou”
Passou do ponto de excitação do flerte
Foi fingindo pingente feito decoração
Descartável no conjunto das faculdades da emoção.
Atropelou sem socorrer, fugiu como quem faz as malas
Batendo a porta da frente, seguramente sem direção.
O calor de corar o rosto daquele interesse instantâneo
De largar tudo em continência pra inteira prontidão.
Só queria quando não tinha o bendito aceitamento,
Quando permanecia viva a dúvida do não
Assentando nos terrenos do pensamento de um sujeito
Inconvicto da fileira de intenções.
Encostou no ponto de desembarque
Infiel desencontro na esquina do adeus.
Nem por isso eu desmenti o que sentia
E sentia muito, ela sabia, sentia tanto
Quanto a serventia das palavras me doeu.
Dei as costas revelando a peça faltante desse quebra-cabeça
Com mais cara de remenda-coração.
Não era último capítulo de novela das oito
Transbordando lágrimas cenográficas através tela
Tapando os olhos das crianças na sala
Em cenas semi pornográficas de coito
Não havia obstáculo sinalizando um sútil abandono
Tampouco, foi sobre soberbos sentimentos
E sim, sobre saborosas sensações (preciso replicar aqui que existem
armadilhas persistindo em confundir carência, abstinência, obsolescência,
absorvendo qualquer quebrante pra desrazão),
Independente da indecência de ir pra debaixo do cobertor
Sem um pingo de coerência, quem sabe a correspondência
Seja um estado incapaz de computar. Tal qual um computador
A lixeira vai armazenar por tempo determinado
O previsível dispensável a contrapor.
Me perdi nas consequências
Apostei o que tinha no peito, fui à falência
E o jogo então reiniciou.
Me endividei ilhado num dilúvio de decepções
É um abrigo, é o amor fluido, líquido amor.
Na liquidação, feito feira de black friday,
Numa sexta sem desconto, liquidou.