CONTRA O PADRE E CONTRA O PSICANALISTA
O prazer não supera a angústia ou o tédio de ser
nem o desejo cabe no corpo.
Expulsamos o padre e o psicanalista
do teatro da consciência
tal como abandonamos o mito da criação e de Adão.
O homem, tal como deus,
não é mais a medida de nossa existência.
Mas uma imagem que desaparece no tempo
sem resistência.
Nossa condição de terrestres é, simplesmente, a sobrevivência.
Pois a vida é acaso e imanência,
processo sem sentido,
que dentro e através de nós
transforma a matéria.
Nossa existência não se reduz
a prazer, morte e realidade
nem a ilusão de um drama familiar.
Somos feitos de sonhos de liberdade
e da memória do que ainda será.
Somos aqueles que voam com as bruxas
e celebram a fertilidade,
as estrelas e
a igualdade de todas as formas de vida.