O que eu não queria ver
Eu senti
A tua alma gritando - ouvi
Vi - veias abertas
Sangrando
A pele nua
A seiva crua
Escorregando
Ouvi teus gritos - aflitos
Vi - o tombo
Ouvi o estrondo.
Vi pássaros atormentados, procurando
O outrora, lugar do seu ninho.
Mães, passarinhas, sem seus filhos.
Pedaços serrados, amontoados
Remontados.
Eu estive com os olhos molhados - no cerne.
Há algo que ainda dizes?
__ Não mais frutos
__ Nâo mais sementes.
__ Não mais sombras.
__ Não mais verdes.
__ Não mais raízes
Eu vi o pó de teu ouro - Tão caro.
Agora, inválido,
Se esvaindo no vento.
Cavacos e cacos dispersos.
Vi a casa abrigo, com teus pedaços.
Teu lamento.
Vi o que eu não queria ver.
Vi a ganância esquálida
Devassidão - o tom do cinza
Desfigurando tua multicor.
Vi tantas coisas que de ti fizeram.
Vi a MORTE... E, por sorte
Talvez veja filhas tuas
Brotarem como rebentos: BENTOS.
Por que tens alma feminina
Tens forças pra renascer.