passagem

Quando deixei meu lar, uma árvore outrora frutífera viu suas raízes implodirem,

O balanço da partida transformou-se em uma placa de pedra desbotada.

Meus anos, todos eles, percorreram minha carne; vivi na memória de todas as cidades,

Como se uma morte, apenas do lugar, fosse concebida; meus olhos,

Incansáveis em busca de um fruto saboroso, ou daquela

Mancha impura que me acompanhava e me atormentava, o senso de direção

Se desvaneceu, e todos os lugares pareciam trilhas equivocadas,

Que se desfizeram; nas casas onde descansei, nas mulheres que conheci,

Tudo se desvaneceu na névoa da desordem, como se a vida perdesse valor,

E as lágrimas congelassem na concretude de uma falta inexplicável,

Algo me impulsionou, talvez uma impureza bem-intencionada,

Deslocou de mim aquele caminho, que parecia mais um rastro em um pomar,

Mas algo que ressecou minha língua e confundiu os trevos desordenados.

Então, decidi que era hora de reconciliar o que fui e o que buscava,

Desse lado, não havia nada; do outro, apenas uma memória fragmentada, então

Um clarão no meio da noite, a noite que envelheceu o dia,

Derrubou o muro imaginário que me dividia e separava; quando acordei,

Havia algo que eu não conseguia explicar, estava em casa e, ao mesmo tempo, na estrada.