O EXTRATO-SER
Falsas armadilhas
Sobrepõem a vida a cada instante
No real de uma procura
No irreal de uma constatação
Os baixos e altos de uma qualquer vida
Tragam em diferenças todos os atos
O bom, o mal, o certo, o errado,
Cada qual abraçando esse cotidiano
Ao seu modo,
Ao seu jeito,
Porém, todos de uma vez
O ser solapa qualquer tradição
Em nome de um bem utópico
E o imaginário reflete,
Mesmo os mais palpáveis
A pieguice do nunca chegar
“Grandeza é uma experiência transitória.
Nunca é consistente.
Ela depende, em parte,
Da imaginação criadora de mitos da humanidade.”
Ruas, travessas e vilas
Se confundem com o ódio,
A miséria, a favela.
Mal comum de um mundo a beira da estupidez.
“A pessoa que experimenta a grandeza
Deve refletir a respeito do mito que encarna
Deve refletir sobre aquilo que nela se projeta
E deve possuir um forte senso do sarcástico.
Isso é o que a separa
Da crença em sua própria pretensão.
O sarcasmo é o que lhe permitirá
mover-se dentro de si mesma.
Sem esta qualidade,
Até mesmo a grandeza ocasional
Será suficiente para destruir o homem.”
A ignorância caminha a passos largos
Impondo ao descuidados, os desvios do ser
Extrato de uma pobreza física e mental,
Acompanhada do cedente desejo de chegar
Sem saber aonde, ou quando.
A degeneração passeia a céu aberto
Sem se comover a recuperá-la
A dor circula entre nossas vias,
Sem que façamos nada
A angústia nos domina,
Sem demonstrarmos resistência
O medo de perder a vez nos alucina,
Sem compreendermos a espera.
Na vida tão pouco se leva,
Mas mesmo assim,
Sempre queremos tudo
O pouco sempre nos humilha
Mas nossos esforços também são diminutos,
Não adianta cuspir para cima,
A natureza não reclama, se vinga.
Peixão89