Consommé

Na distância está o verso

Inverso dos sentidos

Em que o poeta perplexo

Escreve seus grunhidos

De tal impossibilidade geme

Olhar perdido no tempo

Tanto quanto teme

É o sufocar-lhe o lamento

Deixe-lhe a dor , o torpor

As rimas incompreendidas

Por tudo quanto sagrado for

Não lhe insinue às escondidas

Porque sofre no verso

Privado dos sentidos

Ama no inverso

Vive seus grunhidos

Tal como a fé

Do que ao santo beija

Seu verso é consommé

Do que almeja

Deixe-lhe a dor

O verter-se em lágrimas

De tal intrínseco torpor

Desenha suas palavras .