fragmentos

tenho carregado numa sacola plástica de mercado

pedaços de mim pontiagudos, quebrados

descaracterizados, desordenados, cada caco um fardo

sinceramente não sei pra onde serão levados

nem sei quais são cacos de mim

todos os dias me cato e me corto assim

segurando o saco plástico rasgado

por reflexo

resgato cada pedaço derrubado

entregando ritualisticamente os fluídos ao universo

observo desconexo o meu eu desnorteado

encarando nauseado

o sangue sendo jorrado

e banhando cada vazio perverso

Rangel Paiva
Enviado por Rangel Paiva em 15/09/2023
Reeditado em 17/09/2023
Código do texto: T7886188
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.