fragmentos
tenho carregado numa sacola plástica de mercado
pedaços de mim pontiagudos, quebrados
descaracterizados, desordenados, cada caco um fardo
sinceramente não sei pra onde serão levados
nem sei quais são cacos de mim
todos os dias me cato e me corto assim
segurando o saco plástico rasgado
por reflexo
resgato cada pedaço derrubado
entregando ritualisticamente os fluídos ao universo
observo desconexo o meu eu desnorteado
encarando nauseado
o sangue sendo jorrado
e banhando cada vazio perverso