sono fértil

A noite, como amparo, na distante vastidão dos astros, eu reconheço,

A vertigem é minha companheira, e eu me pergunto:

O que nos sustenta, talvez seja apenas um delicado cipó,

Com suas frágeis fibras, nossa base vacilante.

Lá no alto, os favos lunares brilham intensamente,

E em suas reflexões, nossos rostos se revelam,

Um pequeno trono, indiretamente do sol,

Mas a noite, com seu manto escuro, nossa eterna casa,

Nós acolhemos, com coragem, seu cultivo de chamas,

E, no entanto, é ela que nos confere a eternidade.

A milenar ponte às vezes se rompe, ou talvez

Uma esplêndida magia nos mantém no rio sereno e abundante,

Que nos conduz, com uma elegância sutil, às pantufas das crianças,

E dos olhos que observam de entre as pedras, à donzela.

Ela não compreende o eterno, ela é bela e silenciosa,

Seu sono é fértil, seu corpo esculpido em mármore,

E para ela, a esperança se expande, o medo não encontra refúgio,

Mais por sua indefinição do que pelo próprio medo, a morte e a fome.

Entre as pedras, flores vigorosas florescem, e suas pétalas

Queimam aos olhos impuros, mas iluminam aqueles que a possuem,

Presente em cada instante, e nós somos, e permanecemos, mergulhados

Na sinfonia da terra, em sua profundidade mais áspera, aguardando

Que o ponto perfeito seja atingido na fritura, enquanto nos deleitamos

Com as lembranças.