os modos da sombra
Em tuas mãos, o candelabro se entrega à parede,
Sua fauna se projeta, e nela, sobre ela, o indecoro
De muitos anos, dança em sombras soberbas,
E à medida que as mãos se movem, há uma migração de seres
Secretos, que o reboco descreve, e a escada conduz
À dama que segura o candelabro e as criaturas que
A ela seguem.
Lá no alto, ela não imagina que, junto com o fogo,
Há sombras errantes, que alguns se assustam, outros
Buscam abrigo, a maioria sequer dá conta,
Falo aqui da sombra inodora, e de outras, que aceitam
A deselegância de ser ignóbeis,
Outras, mais tenebrosas, no corpo causam vertigens,
Lembram a queda do paraíso, um espasmo, um abismo,
E para sair de dentro delas, são tempos de sofrimento, porque
Sombra se fez passar, pelo real, pelo tátil, pelo verossímil,
E quando nos damos conta, estamos próximos da partida.