“Fumando uma flor inocente”

Não fumo tem uns meses

De tabaco já vai pra anos

Visitar a tabacaria era atraente

Tentando desviar de utensílios viciantes.

Os famosos cigarros que aliviam

Passaram a apresentar os presentes danos.

Já fui bom lunático em viagens

Intergaláticas

Daquelas que compreendem prazer,

Serenamente alucinando.

Dos que não dão barato, carreguei dúzias no bolso

E até fui parado por suspeita de contrabando,

Mas meu único crime foi contra a carteira

Calculando as despesas do que gastei fumando.

Possuí-lo entre os dedos trazendo tranquilo

A saciedade de toda ansiedade,

Sobriamente saboreando.

Meu pulmão não é mais o mesmo

Eu mal compreendendo ele não cooperando.

E como eu poderia querer?

Se nem eu mesmo mais sei quem sou

Mudei tanto quanto pude prever

Mal consigo entender como me mantive vivo

Sabotando constantemente meus próprios planos

Estraguei-me por culpa do excesso de tragos

O conjunto da obra foi parar e após uns três copos

O isqueiro indo em direção a boca e eu de novo falhando.

A fórmula é inocente, o tabaco é inocente, a flor é inocente.

O homem taxando impostos embutidos em experimentos

Que inconsciente nesse descontrole

Inventou seus vícios por falta de autossuficiência

E continuamente o inanimado segue culpando.

O estranho de tudo é que não comecei

A escrever nada disso fumando e

Terminei como a brasa, rolando dados

Distraído em palavras, queimando.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 12/09/2023
Reeditado em 09/01/2024
Código do texto: T7884079
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