O impulso da distância

 

Nem sempre distanciar-se nos permite ver melhor,

mas, talvez, permita manter longe de nossa dor quem nos feriu.

 

Mas, entendo que em meus voos de águia solitária

sempre foi preciso ganhar essa perspectiva, afastar-se.

Ganhar território para os pés... Impulso...

 

Reavaliar podemos de qualquer lugar.

Compreender sem seccionar ou seccinando - que importa agora?

Fragmentar também pode ser ilusão,

posto que não há o esquecimento na aceitação

dos caminhos impostos ou escolhidos.

 

Nunca houve, nem há o esquecimento...

 

Mas há um infinito em cada verso...

Há um infinito na dor que chora... na lágrima

que se conteve durante a noite

e criou esse nó firme e forte na garganta - sem deglutição.

 

E a pergunta sua é: mas, afinal, que distância é essa

que preciso manter para ganhar o terreno, o impulso?

As asas estão prestes a se abrir a um novo voo.

Seria o alvo um novo céu

ou um novo espaço-tempo no céu de antigamente?

 

Para você foi um novo voo... um novo céu...

 

Para mim...

O distanciar-se foi ontem...

 

E, sinceramente ?

Não importa mais.

Tanto faz.

Porque é a distância criada

pelo descaso e o desamor

que mantém os pés longe.

Longe do céu, longe do chão...

 

Mas a memória e o sentimento

não se prendem ao espaço-tempo,

não se amarram ao clichê dessa distância...

ela - a distância - não é relativa, é vivida, é intensa...

é o limite entre os raios de desamor do Sol

e o espinho desses raios ferindo a pétala-cerúlea da Flor...

 

A distância é necessária à um novo voo...

Mas... a memória e o sentimento...

sim... são... sim... sim... são imunes a ela...

 

Por isso, é que dói tanto...

 

Poema dedicado ao Poeta e Escritor Oscar Krost.