Frecha da porta

A água já entra pela frecha da porta

Escureceu com o sol em púlpito

Se apagou, a luz a tempos já se acabou

Só fica o barulho da água, caindo, correndo, subindo rua a dentro.

E a água já entra pela frecha da porta, aqui dentro, o resto que se tem, o que aquece, alimenta e veste tudo se rende ao tímido e impiedoso subir das águas.

Já não há a frecha, já não há porta só um lençol feroz de água corrente que lava, enxagua e levava o resto do que eu nem tinha, trocava o sofá por barro.

Sem frecha, sem porta, sem casa e ninguém ficou , nem um móvel, pessoa ou o gato era só barro e mato, quem sabe uma frecha esperança sofrida, o que se sofre nessa vida,

Deus a de prover.

Paulo Alcides
Enviado por Paulo Alcides em 12/09/2023
Reeditado em 12/09/2023
Código do texto: T7883473
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