Frecha da porta
A água já entra pela frecha da porta
Escureceu com o sol em púlpito
Se apagou, a luz a tempos já se acabou
Só fica o barulho da água, caindo, correndo, subindo rua a dentro.
E a água já entra pela frecha da porta, aqui dentro, o resto que se tem, o que aquece, alimenta e veste tudo se rende ao tímido e impiedoso subir das águas.
Já não há a frecha, já não há porta só um lençol feroz de água corrente que lava, enxagua e levava o resto do que eu nem tinha, trocava o sofá por barro.
Sem frecha, sem porta, sem casa e ninguém ficou , nem um móvel, pessoa ou o gato era só barro e mato, quem sabe uma frecha esperança sofrida, o que se sofre nessa vida,
Deus a de prover.