Das Partidas

Nunca parti... por isso, não sei dizer

se olhei para trás ao puxar minha mala pela estrada...

mas... já fiquei... partida... em pedaços, mil deles... fragmentos...

Não houve desprendimento, nem compaixão, nem amor...

Houve esse corte, essa dor lascada,

essa separação causada por um silêncio ancestral...

um silêncio que chegou... uma voz que se afastou,

se foi... e talvez ainda siga nesse "se vai"...

Eu? Fiquei em pedaços, lascas, cacos...

que de nada servem... a não ser à caçamba que os recolhe...

E fiquei... sempre fui eu que fiquei..

uma pequena lembrança a ser buscada pelo sol

só quando faltou alimento....

quando o mundo não lhe deu o que precisava...

Ainda acreditei ser possível uma re-união,

mas... hoje a luz me disse que o mundo

exerce sobre ele a negativa...

o desacreditar de toda forma...

E fico em pedaços, lascas, cacos...

que de nada servem... a não ser à caçamba

que de tempos em tempos passa e recolhe...

os trapos, farrapos, as sobras... fragmentos...

restos... que ficaram... das partidas...

Poema inspirado em texto do Poeta e Escrito Oscar Krost.