“Terapia do espelho (a costura bem no meio entre os recortes do desejo e da dissimulação)”
Eu posso não acertar bem onde venho mirando
Ainda assim confessa que é bom acordar ao meio-dia
Com a pia limpa e perfume do café passando
Que os bilhetes datados acompanhando tua comida
Confortam um coração cansado de levar tombo
E a cozinha não é só um cômodo de tapar buraco do estômago,
Mas também de tornar incomplexos amores mundanos.
De volta não acerta sempre no alvo também,
Sabe que convence toda vez que convém
Contudo segue tentando e persuadindo
Contrariando o engano dos contratempos
A pista da prova mais propícia mora no entorno
Contemplando tudo que perdoamos e aprendemos
Com o desempenho ferrenho dos últimos anos.
A cabeça lotada recusa conversa
Quando o coração apertado se fecha
Recuando até um carinho genuíno
Da boca seca sai o que mais dói
Essa história de ir logo ao que interessa
Deixa de lado o pré e após, partes primárias de nós
Detalhes acumulados que corroem.
Eu quero uma conversa sadia sem pensar que é tarde
Sincera e sem pressa, depois das dezoito se tiver interesse
Em desarmar das ferramentas do ego
Reconhecer o desacerto da interpretação
Requisitar o que te é de desejo
Reencontrar o outro lado do espelho.