Viver Geométrico

O defunto vertical

puxa sua vida geométrica.

Come do pão sem sal

enquanto teme o Profeta do Juízo Final.

Ainda que lhe assalte o desejo animal

apenas obedece ao "sinhô" do canavial.

Imagina ouvir um doce madrigal

e não vê o lodo aniquilar o manancial.

O lodo que lhe cobre.

Que a tudo cobre.

Urbis et Orbi.

Há o degelo no Polo e no IML,

homem desnudo. Nada sob a pele.

Zumbi sem sentido,

que murmura queixas e sequer é ouvido.

O horror tétrico

do viver geométrico.

O horror tétrico

do deseja milimétrico.

O tétrico horror

do Homem sem cor.