Livro de flores
Livro de flores
Não existem razões explícitas para a poesia
Tal como não se conhecem os trilhos da fantasia
Sejam talvez as carícias que ela nos dá no coração
O motivo de ser flor que se abre na palma da mão
Uma simples mão como um livro aberto
Num mapa de rugas que rasgam a pele em deserto
Linhas onde sem raiz nasce a flor do pensamento
Que se desfolha em páginas soltas entregues ao vento
Letras tão leves que nem sei para onde vão
Cada vez que as vejo as perco de seguida em combustão
Como um beijo que quando o dou de repente não é meu
Pertence a outra boca quente e por lá arrefeceu
E quando as minhas letras pelo calor que exalam são atraentes
Elas fazem amor com outras que as chamam de tão carentes
Luísa Rafael
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Porto, Portugal