Eu sou o meu papel principal

Eu sou o meu papel principal

Quantas vezes o terreno se inclina

O percurso não é o que se destina

O chão deixa de ser um piso de suporte

A bússola tem ponteiro indeciso sem norte

Quantas vezes o desejo se evapora

O tempo se esquece dele e se demora

A vida passa apenas a ser lentamente presente

A hora não tem escala e simplesmente se sente

Quantas vezes olhamos demasiado no infinito

Quando ao nosso lado não vivemos o mais bonito

Sedamos a vida e ela implacável continua

Indiferente como se tivesse que vir à nossa procura

Quantas vezes nos esquecemos que o passado não é real

Já o vivemos e hoje somos nós o papel principal

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 09/09/2023
Código do texto: T7881336
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