Eu sou o meu papel principal
Eu sou o meu papel principal
Quantas vezes o terreno se inclina
O percurso não é o que se destina
O chão deixa de ser um piso de suporte
A bússola tem ponteiro indeciso sem norte
Quantas vezes o desejo se evapora
O tempo se esquece dele e se demora
A vida passa apenas a ser lentamente presente
A hora não tem escala e simplesmente se sente
Quantas vezes olhamos demasiado no infinito
Quando ao nosso lado não vivemos o mais bonito
Sedamos a vida e ela implacável continua
Indiferente como se tivesse que vir à nossa procura
Quantas vezes nos esquecemos que o passado não é real
Já o vivemos e hoje somos nós o papel principal
Luísa Rafael
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Porto, Portugal