do poema e seu escoadoro
Na noite que espanta, o dorso oculto
Observa a manhã epifânica que
Se anuncia,
A convocação é discreta, pelos caminhos
Menos conhecidos, celebrado será o ser
Que da noite, sombra incerta, é
A centelha que inflama, a noite
Silenciosa dos órgãos, assim ingressamos,
Arqueologia do resíduo, a chama
Cautiva, labareda efêmera, tragédia abafada
corre as palavras, desfilam e nossos
olhos mal as reconhecem, a pesca
é calma, na indolência, fingida cautela
Ainda nas sombras,
A luz, comprometida, severa e descompromissada
Une-se à febre, o uivo do verso que
Nada no sangue, o jorro implode e a
Noite é amável, e sua tortura se esconde,
Dizer à noite, sinais inesperados,
Descartados, vistos, abertos, o veio
Se estende, palavras, substância indescritível,
A mão escreve, posse enigmática, descida
Ao abismo, a folha se abre e as acolhe,
letras, signos, penumbras analógicas que
se transformam em palavras, versos, frases
Proibidos, e o fruto se apresenta, saboreá-lo
Com a língua, o lábio, o pensamento que
Dele se desprende, o poema é concluído, o
Poeta ferido estanca o sangue, um fio, quem
Sabe um simulacro, alegria, quem traça
O alfabeto, constelação, intensos clarões
Que expandem o universo