Filósofa errante
É benção ou maldição
Amar a profundidade
E se afogar diariamente
Nas camadas do próprio abismo?
Onde pode depositar sua alma
Ele oferece, devotamente, seu amor
Mas, como peregrina incansável
A vida lhe é uma grande jornada
Que se mostra, muitas vezes, árida
No deserto nasce flor?
Queria ver o céu como um espaço
Sem tantas indagações e filosofias
Não queria ser tão idealista.
E ver a vida, apenas, como vida
Simplesmente o ato de respirar
No entanto, vive a pensar:
Será que há algo além dos dias?
Não sei porque existo
Ou quando vou embora
Porém, quando chegar a hora
Espero que encontre respostas
Para tantos questionamentos.
E que a luz superior alivie
Essa alma filósofa e atormentada
Que há tanto tempo, empenhada
Vive de pensar em porquês
Sem sentir-se saciada.