tempestade gestada
No mar agitado, uma visão surge, alucinante,
A força de um fauno de cores e devaneio entrelaçadas com vigor,
Nas entranhas, o sangue, vida pulsante e vibrante,
O oxigênio silencioso que alimenta o fogo e dá às labaredas,
A majestosa aventura, eternamente, extremada,
Que todo espaço é preenchido, ternura de orvalho da manhã,
Beleza, a delicadeza de um instante perfeito,
Ópio natural que as mãos fabricam e se espalham quando encontra outra mão,
Amada, crédula, fidelidade ao fogo que os pecados são castigados,
Evanescencia, diáfana esfera translúcida,
Que o coração mais vasto separa do tempo e faz do presente abertura para o nada.
Uma morada colossal se desenha, terrestre mas celestial,
Os sabores da rua borbulhando como água fervente no interior de cada momento,
Estreito, o caminho, vultoso, abstraído do pântano mais infestado,
Corpos e sentimentos vagueiam, onde o apodrecimento e a renovação se cruzam,
E uma plenitude virgem e acesa transita entre as portas.
Refúgio seguro em busca de mais vida ou menos engano,
No interior das casas, o trigo fresco, e um novo começo.
Uma onda fértil que umedece os lábios e a carne vibra, treme, alucina,
Desliza na doçura das coisas concretas, reais, existência acesas,
Toda realidade é uma boca de sexo, desejo e espasmos, tempestade orgástica pulsando à luz do dia,
Sem a vergonha, o medo encabulado e a torturante escavação que não leva a nada, e quando tudo é cessado,
A vida simples se impõe, livre, alegre, como ingênuos namorados.