tua herança
Entrega-me o teu império,
Tua glória, teu minério, sob o sol,
E tua boca banhada pelas marés do meio dia,
E a pele entumecida e intensa, jorro de luz nas pradarias.
Correremos juntos, e na relva, nossas sombras se desfazem,
Então apenas os corpos se vingam no mundo, as plantas cobrem
O tempo com o verde da lagoa agitada, as ondas estão além
Do mar, no âmago de tudo que ama, e as margens são
Apenas recados, não sufocaremos o fogo que a lascívia impetuosa
Plantou, e nossos nervos, amor, sou daquele lugar, profano, insano,
Durmo na beira de um sonho e na soleira da parede mais remota.
Passo, trago em mim: a vida é variada, e a tua com a minha é
Belamente sacra, pois o sagrado é o que foi visto, sentido e amado,
E as flores anunciam que estão na sombra de um céu sempre límpido.
Assim, sopro nos teus ouvidos, teus braços são implosões que
Revelam tua pureza, que mulher entregaria seu sexo sem que a pele
Esteja presente? Amo, e então sou a pedra antiga, solar, sábia, nebulosa.
Que espaço profundo, me espalho e me movo, e em todo canto
Sinto o peso da tua língua, tuas mãos acariciando o poema que mais
Leio, letras, palavras, todo sinal dispara e ressurge apenas para te dar um retrato.
Recorda-me uma bananeira que oferecia laranjas ou é doce como a língua de
Uma caverna, onde a arte rupestre já explicava o esplendor do seu firmamento.