o encontro
Ao perceber que habitava em ti, o mistério,
Ternura despertada, somos da mesma colheita,
Do mesmo rio em que, nas pedras, a corrente se quebra.
Silenciosamente, te mostrei uma paisagem,
Noturna, flor chuvosa que banha o coração
Daqueles cuja fuga já conhece o impossível, quem
É, como o dia que, assim como teu nome, repousa na superfície
Lisa do meu lago mais secreto, onde muitos
Grãos de memória flutuam quando o sangue
Não se aquieta; tua verdura ainda é verde,
Sabe dar luz, mas não que ela ilumine
O mundo inteiro. Levo-te em meus ombros,
E mais acima, a superfície verdejante é como
Um deserto, sem começo, sem fim, que não
Existe, onde nada escorre como se algo fosse,
E conjugo na porta da tua casa a mesma sinfonia
Que aprendi a abafar. Concedo-lhe alguns minutos,
O resumo fiel de uma vida longa, margens impulsivas,
Tua carne arde, e pressinto derramar a juvenil
Presença de quem não soube crescer. Aperto-lhe
A sombra e nos engolimos, o invisível se fez carne,
Subo as escadas como outra vida tatuada em meu
coração