como o sol

A esta hora, quando o sol já transpôs metade da jornada,

Nada poderia eu dizer-lhe sem a presença desta luz,

À mesa preparada e à espera.

Seu lugar habitual não passava da vastidão do que fomos um dia,

A penumbra de uma memória que insiste em buscar,

Ao reparar, não encobre o sol nem refresca a vinha que o coração inflama.

Nós voamos, a imaginação erguendo os céus ao nosso redor,

E nossas asas encharcadas de sangue, na mesma agonia ardente, nos impulsionavam

Para uma montanha perpetuamente crepuscular.

Tua figura, tua forma, mulher em árvore infantil,

Produzia os frutos mais selvagens.

Agora amo o que na sombra era a tua omoplata girando como um girassol,

Cuja envergadura era da mesma vertigem.