engrenagem

Quem diria que todos esses seres se lançariam na dança da morte,

Quem diria, já que todos, em seu cerne, traziam sorrisos e um oceano

De esperanças, agarrados à esperança, agora são

Córregos na memória, e cada rosto exala sua própria ausência.

E eu sinto um arrepio, porque também sou carne, e também

Me imaginava como árvores gerando seus frutos, ou como uma mãe,

Que não prevê a perda quando sorri ao ver seu filho

Iluminado no instante do parto. Já escalei montanhas imensas

Sob meus pés, e no topo delas, o sol era a flor mais exuberante,

E a água fluía como se cada rio desaguasse no oceano

Após subjugar todos os picos, como se os vales não fossem

Uma força que traz o aroma das folhas, todas

Elas, como flores, ou mulheres de beleza inigualável, para o

Abismo mais profundo. Adentrei matas densas

E magníficas, em suas entranhas, as clareiras mais extravagantes,

Capturando a luz solar nas manhãs e as atmosferas

Mais sensuais, e as conservei como se delas pudesse emanar

Como pedra, nascer, fenecer e ser parte indissolúvel do ser, sua

Travessia eternamente infinita e fascinante, pois me concebia

Como as flores que a cada primavera inspiram

O orvalho puro e sereno do espaço mais tentador.

Agora, compreendo que sou como aqueles que devoraram um pedaço da vida

E, agora, a vida os devorou, tornando-se o alimento necessário,

O banquete etéreo que dará ímpeto a outras vidas.