Não mais pela demora
Em tuas passadas, a água se desloca entre as horas,
E o indicador é o trigo que o sol semeou,
Quando te movimentas, o dia se estende como um tapete verde,
Irrompe da terra estremecida, e a palavra é uma lembrança apanhada
Do fruto doce e ousado que jovens retiraram das árvores frondosas,
Os caminhos são teus convites, o espaço que as pernas forjam
Ao deslocarem-se como planetas que abandonam órbitas já desenhadas,
Poderias ser um serafim ou um mito, uma existência composta de cobre líquido
E etéreo, que a cada instante surge de uma flor aprisionada, enquanto
Homens entoam ao teu redor a terra árida que percorreram,
Lento, absorto, mas com a balança de sua confiança vagueando como um
Barco à vela, conhece o tempo inscrito no seu porvir, não é urgência desenfreada,
Existe um trem escapando dos trilhos, é um lugar onde maçãs depositaram
Suas sementes mais fecundas, e mulheres dançaram, sexos flutuaram como
Se o amor já estivesse posto para a vida florescer, então tu caminhas, os desfiladeiros
Que te acompanham são o eco de um tiro amortecido, cuja pólvora vacilou
E projetou para o alto as flores mais perfumadas; ao deslocar-te, criaste um jardim
Com altura que permitiu aos homens colherem suas fragrâncias e adornarem suas mulheres
Com pétalas mágicas que as tornaram alegres e vivas numa terra que outrora
Permanecia entorpecida pela demora
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Em tuas pegadas, a fluidez das marés nas horas,
O indicador é o trigo plantado sob o sol escaldante,
Ao caminhar, o dia se prolonga sobre o gramado,
E a palavra é memória arrancada
Do fruto doce e atrevido que jovens colheram nas selvas,
Os percursos são teus convites, o espaço que as pernas delineiam,
Enquanto movem-se como planetas rompendo órbitas já traçadas,
Poderias ser um anjo ou mito, uma existência formada de cobre líquido
E etéreo, que a cada momento emerge de uma flor enclausurada,
Homens cantam à tua volta sobre a terra árida que percorreram,
Lento, absorto, mas com o equilíbrio fiel vagueando como um
Barco à vela, tens consciência do tempo inscrito em teu futuro, não é precipitação,
Existe um trem descarrilhando, é um lugar onde maçãs depositaram
Suas sementes mais férteis, e mulheres dançaram, sexos pairaram
Como se o amor não fosse necessário para a vida florescer,
Então tu avanças, os desfiladeiros que te acompanham ecoam
O som de um disparo abafado, cuja pólvora acordou
E lançou ao alto as flores mais perfumadas; ao caminhar, criaste um jardim
Cuja altura permitiu aos homens colherem suas fragrâncias e adornarem suas mulheres
Com pétalas mágicas, tornando-as felizes e vivas
Em uma terra que outrora jazia paralisada pela demora.