Insatisfação

Não há verbo que consiga expressar

Toda forma e cor da nossa insatisfação

Mas por isso não precisamos recantar

“Caminhando e cantando e seguindo a canção”

Esse tempo deve ficar para trás

Há mais luta, mas nunca é em vão

Para acordar e poder se falar em paz

Para dizer sobre a livre expressão

Rezo para todo e qualquer um

Que possa andar sem preocupação

Mas que não reste o incomum

E o medo da justiça da própria mão

Eis que o tempo poderá seguir

E ser muito tarde para sair da escuridão

Ao sonhar com o dia a surgir

Ao cair na tirania de qualquer vilão

Qualquer um que tenha luz

Seja anjo ou santo ou lampião

Leve essa carta ao pé da cruz

Ainda que não reste mais sermão

Pois ser livre está ficando caro

E eu temo até meu próprio irmão

Ao ouvir qualquer som de disparo

Ao acreditar ser a única solução

Voto pelos deuses mais antigos

Que poderiam ver além da destruição

Talvez procurar paz para os perigos

Que rodeiam a toda civilização

Queria que essa carta fosse aos “istas”

Fascistas, artistas, turistas então

Para abrir os olhos para novas pistas

Para procurar uma nova união

A qualquer ser desse universo

Peço que preste a mais pura atenção

Em cada linha pobre e verso

Dessa minha maldita canção

Não há vida aqui inteligente

Volte, pois estão na contramão

Para o retrocesso em forma de gente

Para a mais porca dimensão

Espero que o tempo ainda ensine

Antes de o inferno tomar a razão

E talvez a histeria enfim termine

E pare de gritar contra toda estação

Ainda há esperança que algum dia

Todos se curvem sem pretensão

Ao alvorecer da fantasia

Ao solo frenético de um violão

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 02/09/2023
Código do texto: T7876233
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