O Poema do João-Ninguém

Uma querida amiga, tão bom coração

tem, que reclamou

por eu não ser notícia no Maranhão!...

E eu respondi: "um João-Ninguém

em colunas de jornais,

isso já é querer demais!...

E seria até piada,

pois o meu nome não vende nada!... "

Se não és nome de desgraça,

nem pertences à sociedade fictícia,

o tempo passa,

mas teu nome nunca será notícia...

Um poeta desconhecido,

sem nome e sem prestígio,

ser aqui reconhecido,

eis um grande prodígio!...

Creio que a arrogância dos patrões

literários e dos donos das distinções,

somente pra mim se curvaria,

se eu fosse um novo Gonçalves Dias!...

Mas sou apenas Antonio Maria, de São Luís,

poeta que o povo aplaude,

mas que a casta torce o nariz...

Como ambicionar laurel,

se essa casta

vende distinções em cartel?

E quando me dizem: Grande poeta!...

Estão pensando, divertidos:

"Faz versos, mas é um pateta,

porque não sabe que é poeta

cujos versos voam para outros ares,

porque, nós, da elite, não somos os seus pares!

Mesmo que o seu talento seja do tipo

que a nossa parvoíce, de inveja consome,

nada valerá perante qualquer um de nós,

que tem dinheiro ou ilustre nome!"

E assim, minha nobre amiga,

é bom que eu te diga:

Essa minha poesia, que também

se nutre de um lirismo quatrocentão,

é poesia de João-Ninguém:

serve para encantamento,

nunca para público reconhecimento!...

Mas, que me importa,

a infame boca torta,

que cospe preconceito

no meu poema PF ( "Prato Feito" )?

Vou seguindo, vou seguindo,

de lorpas e pascácios assim me rindo,

pois a minha poesia não reclama

os lauréis de uma breve fama...

A minha poesia, minha alma usa,

só para cantar a minha paixão pela Vida

- a minha sempre adorável Musa!

Santiago Cabral

santiagoamsc@gmail.com

facebook.com/antoniomaria.cabral

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 02/09/2023
Reeditado em 02/09/2023
Código do texto: T7876120
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