A Verdade Inefável
Indispensável é que não te ocorra
Tornar este escrito um simples bilhete
Nem te enredes em ditas afáveis
Qualquer vestígio de anseio excluído
Qual a razão?
Ó, pacienta tua ânima um átimo!
Detém-te, ó ansiedade inoportuna,
Resguarda-te em expectante quietude,
Pois revelações estão por se efetivar.
Não engastes nestas linhas singelas
Mero compêndio de afetos harmônicos
Nem conglomeres em seus redutos
Partículas de efêmera alegria
Por qual razão?
Ah, aguarda! Invoca tua serenidade!
Contempla, pois, o tic-tac do destino,
Emerge das sombras, ó verdade revelada,
Pois o enigma cederá perante a aurora.
Esta epístola, abster-se de reduzi-la
A simples bilhetes, escorreita é a máxima,
Despega-te do afago fácil e transitório,
Da ventura efêmera, qual fogo fátuo,
Pois por quê?
Hesita, teu ânimo, um momento apenas!
Resista, ó anseio insaciável,
Ao intento de antecipar a trama oculta,
Pois o clímax aguarda seu momento.
Não queiras, em hipótese alguma,
Transformar este escrito em mera mensagem,
Ou amalgamar nele, com tinta indeleável,
Breves lampejos de contentamento.
Por qual motivo?
Ah, aguarda, aguarda, peço-te, oh inquietude!
Contempla, então, o desenrolar silente,
Pois em breve, ó verdade inefável,
Se desvelará, rompendo a penumbra.
E assim, caro leitor, neste excerto contido,
Evita tornar tais palavras em mera carta,
Abstém-se de urdir na trama tecida,
Ínfimos momentos de júbilo ilusório.
Por que motivo, indagas?
Oh, detém-te! Mantém-te imperturbável!
Permite que o desdobrar do enredo,
Desenlace-se em seu próprio tempo,
Pois a resposta aguarda seu ápice.