Para dona Fátima
Senhora minha mãe, mulher que não abaixa a guarda.
Por um tempo a empregada
De muitos dos seres que se nomeiam patrão
Mulher arretada,
Devora livros com uma fome de leoa,
Eis o fruto de minha inspiração.
Por muito tempo tentou esconder-me dos males do mundo,
Mas, fui buscado no portão,
Teu filho sofreu, minha nêga!
Nada que se compare com a dor que tivesses,
Com o sangue que literalmente deixasses no chão,
Esse
Ao qual suas lágrimas lavariam se preciso,
Contudo, és mãe preta,
Engoliste a canalhice desse mundo
Para que teu nego pudesse fugir da canaleta
Do vagabundo fardado,
Ao qual amontanha corpos sem fardo
E é fato
Que não tenho dinheiro o suficiente para cala-los
Mas,
Herdei de ti, a força para falar tão alto quanto
É...
Quanto minha mãe?
Quanto tempo se passsou?
Quanto ainda suporto?
Quanta saudade de ti.