Nas curvas lentas de um corpo
Nas curvas lentas de um corpo
Nas curvas lentas de um longo corpo esguio
Em pose desnuda num véu cansado pelo calor do Estio
Resta uma alma que se escuda numa geometria
Deitada numa tela confusa de tinta e fantasia
Cada pincel que lhe toca tem a delicadeza de uma papoila
Numa destreza de mão que na inspiração não vacila
Uma mistura de aromas num perfume que se desfolha
Uma visão pura em flor que desabrocha quando se olha
E aquela cor rubra tão minha que só de ver aquece e inibria
Dá vida à moldura que até quebra a sua esquadria
Um tom quente luxuriante que dá asas à linha da imaginação
Como borboleta esvoaçante num ambiente de florida perdição
E eu mulher flor que sou flor mulher também
Posso até ser prazer de amor mesmo ali não sendo ninguém
Luísa Rafael
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Porto, Portugal