Caminhos amiúde...

Caminhos amiúde

Tortas pedras de enlevo

Cargas obtusas

Precisão além de onde se pode constar

Toque delicado sendo tirado de lado

Ah! esse gosto amargo, fel de amor

Até a Lua se envergonha

Caminhos estranhos

Trevas opostas no canto da sala

Esse olhar não consta

E se peço o brilho destes olhos

Fica mais aguda minha angústia

Nem sei por quem me tomas

Se deixar, cinzas revirarei ante o entulho

Peregrinas distante, sem olhar ao lado

Sempre escuto os mesmos reclames

Pálida nuance de tempos nem tão distantes

Mesmo com a mão estendida, recuas

Mesmo com o coração aberto, olhar em desvio

Pouco pode significar tanto desejo

Tantos beijos dados ao longo da curta noite

Pouco pode desmerecer tanta volúpia

Tanto gozo nos mais profanos lugares

Caminhos de pedra, como se nada mais figurasse

Flores partidas ao largo

A secura da voz sem medidas

Pouco falas de tudo que foi ontem

Como se hoje nada fosse como o amanhã

Lancetas adornam este encrave na alma

Mais um rasgo no caminho que é só solidão

Pelo riso quase nada consta

E os movimentos nem são tão calmos

Em retirada, alguns fragmentos se espaçam

Nem o brilho do novo dia vem retribuir

Mera desconfiança de algo já partido

E uma insegurança de quem espera mais da vida

Sem ter a vida ouvido mais de perto também

Pelo medo de descobrir mais que um tesouro

Mas o gosto mais puro que um desejo

Nem tão tarde se prevê melhor mudança

Nem tão cedo se precavi em mera esperança

O olhar será contido no que sobra do ardor

Mas em dor, só, eu e meu Porto, amada Ilha.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 25/03/2005
Código do texto: T7874
Classificação de conteúdo: seguro