OBSESSÃO

OBSESSÃO

Morri mil vezes.

Depois nasci mil vezes, para vir de novo morrer aqui.

Tive mil caminhos, enganei-me nos mil caminhos, e no novo caminho que tive; vim de novo bater aqui.

A grama que cobriu o meu sepulcro, e a cruz que encimou a minha morte, foram sempre as mesmas, e eu fui sempre enterrado aqui.

O mundo que cobriu meu estro era um mundo duro, de torrões ressequidos, que mil vezes me escoriaram o corpo nu.

Mil vezes de novo eu sonharia que eram plumas.

Enganar-me-ia na mesma encruzilhada, e tendo morrido mais mil vezes eu nasceria de novo, para ser de novo, enterrado aqui.