F60.3

Hidrogênio se converte em Helio

Que converte em Litio, depois Berilio

Boro, Carbono, Nitrogênio e tantos

Até chegar por completo no ferro.

Vês, ferro, estável como é

Não se converte em nada

E nada faz além de acumular pressão

Com os dedos cerrados na mão

A supernova não anuncia chegada

Explode e consome tudo, sem arrepender-se

Sem lógica, sem remorso, sem visão

Cega pela emoção, apenas consome

Não se pode prever a supernova. Não se pode parar a supernova. Não se pode esperar nada além de que a mesma se esgote, que sua queima eterna consuma a última partícula e se canse. Que consuma a si mesma e se apague.

Numa pequena anã branca

Molhada de lagrimas de dor

Lagrimas de raiva, de alegria

Da lógica vazia do sentimento

Não que não doa para a estrela

Ver aqueles que nutriu com tanto carinho

Devorados por sua ira cega

Sem segundo pestanejar

Talvez seguir sua natureza temporária

Seja o erro do pobre astro

Que devia ter lutado mais contra seu coração de ferro

Sua pressão, sua emoção.

Não lhe restam chances para arrependimento

Não se volta no tempo, não se refaz o que se destruiu

Resta aprender com a explosão o que faz tanta pressão

E deixar escapar tempestades brandas de vez em quando

E decai novamente, de branca para marrom

De marrom para nebulosa, de nebulosa para estrela

Sem saber se viraria outra supernova

Ou entregaria-se para o vazio e tornaria-se finalmente

O buraco negro que clama por espaço em seu núcleo

Vazio, frio e escuro, com uma única vontade

Abraçar a tudo ao seu redor, e não deixar sair

Agora e sempre, até o fim dos tempos

Ariel Alves
Enviado por Ariel Alves em 28/08/2023
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