Talvez
Talvez
Talvez um dia eu já seja noite de sons estrelados em aquarela
Já nem te espere nos olhos desbotados de uma lenta janela
Talvez por desacerto o meu relógio com os ponteiros do tempo
Seja bússola incerta no espaço deserto do sentimento
Talvez tu venhas pelas ruas dos lilases das saudades
Apressado de encontro aos meus olhos vagos nas ambiguidades
Talvez eu ainda te queira dentro do olhar só para que te veja
Te toque devagar como se cheira os lábios de quem se beija
Talvez as nossas mãos ainda se encontrem pelas linhas do destino
Deslizem no suor pela geografia do que um dia foi caminho
Talvez me queiras com a vontade que um dia te dediquei
E quem sabe com as asas da liberdade que te dei até voei
Talvez eu não tenha pressa e tu estejas com fervor na dianteira
Talvez a minha a voz em flor se aqueça na tua boca em sementeira
Luísa Rafael
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Porto, Portugal