O TEMPO

O TEMPO

O tempo não para

Eu parado no tempo

No quarto um livro

Num criado-mudo

Como eu

Memoriando outros tempos

De ares brisas ventanias

Leitura ao mesmo tempo

Cheia e vazia

De fatos sem fotos

Flashes que espocam

De tempos que não voltam

Mas ainda cheios de vida

Claros como dia

Guardados a sei lá quantas chaves

As vezes do céu

Outras do inferno

Abrindo futuros dos pretéritos

Deixando prá lá futuros do presente

A mente não mente

Tudo se foi ficou um ausente

Que teima em respirar novos tempos

Deslocados dos tempos idos

Para si sem muito sentido

Afinal o fim dos tempos

Aproxima-se sem trégua

Logo será o passar a régua

E como valeu a pena

Tal qual a pena que ora escreve

Sem tinta sem calo nas mãos

Apenas dedos com anéis

Que por aqui anda ficarão

Em outras mãos

Ou perdidos numa caixa de jóias

De outras mãos

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 27/08/2023
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