P R E C I O S I D A D E S (362)
VIL AVE QUE É O CORVO
Funérea ave sob alvo crânio,
retrato fúnebre do estranho,
criatura macabra é o corvo,
causa deste meu estorvo.
Vivente ser imundo
repousado na caveira,
grasnas ao mundo
que das mais vis sois primeira.
Suas plumas nigérrimas
espelham o luar
instruindo minhas rimas
como uma torpe ninfa a me inspirar.
Tu competes com o verme ,
o vilipêndio dos que num esquife repoousam ,
alimenta-te dos órgãos sob a derme
daqueles que há pouco se foram .
Vai-te, corvo, já tens o globo no bico ,
já te lambusaste nesta cabeça ,
vai antes que te espante com um tiro ,
para teu bem me obedeça .