O CÉU DA MINHA MÃE

Quando eu morrer

vou pro céu da minha mãe

onde os anjos brincam

como se fossem crianças

voando em asas imaginadas

No céu da minha mãe

as noites são sempre claras

iluminadas de azuis azulados

que têm o tamanho alongado

e interminável da eternidade

No céu da minha mãe

não existem paredes nem portas

tudo é tão aberto e destampado

que não há segredos ou mistérios

sequer luxúria ou qualquer mínimo pecado

No céu da minha mãe

todos os dias parecem ser dias de maio

e de vez em quando você se esbarra

com Santo Antônio segurando o Menino Jesus

que lhe consola no colo dos seus braços

No céu da minha mãe

não há feriado de finados

velórios, cemitérios ou funerárias

e na mesa de jantar da casa

todos estão vivos

assim como estavam no Natal

em que eu era criança

e Papai Noel só nos visitava

enquanto estávamos dormindo

durante o meio da madrugada

Quando eu morrer

vou pro céu da minha mãe

onde não existe relógios

e o tempo lá nunca acaba

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 25/08/2023
Reeditado em 25/08/2023
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