ser desenganado
Ainda pingando sangue, arranco
Da horta a flor, a virgem emoção
De um sonho que brotava. A todos
Os que olhavam, minha desculpa e minha
Púrpura tristeza que a muitos já foi
Dada. Não é que eu não sinta dor,
É que ela já me pertence. Não é que seus
Olhos devoradores não me atinjam, é
Que sou devorado por outros carnívoros.
Mais violento, o sangue escorre na calçada,
Devagar, como se treinado, como se
Ensaio. Talvez a flor tenha desabado,
E o que foi retirado era um tumor com
Modos de flor, um pedaço de carne
Que foi desamado. Que o sal não tenha
Adormecido ele e a salmoura tenha destilado
Antes do tempo. Abismo, fogo, lenha, trabalhadores
No esforço, incineraremos toda a plantação.
O carvão cairá entre as paredes, o fundo imemorial,
Onde o homem primitivo, de presas afiadas,
Desafia a ordem lançando pérolas a quem
Não sabe desvelar um segredo e acender
As candeias quando a sombra chega.