Rataria
Gente como eu anda pelos cantos,
Gente como eu vive embaixo do fogão,
Se alegra quando escapa um pedaço de pele de frango,
Gente como eu rói a própria cauda quando tá ansioso,
Gente como eu se assusta quando tem visita.
Quando o forno acende, corro pro depósito de água da geladeira esquecida no quintal.
Seguro, cômodo, desconfortável.
Sempre invisível .
Pois gente como eu leva porrada,
Gente como eu passa doença ,
Gente como nasce sujo.
Um pelo encontrado no tapete da sala e pronto, estão me caçando.
Faço as malas ligeiro,
Me desalojo,
Procuro outro fogão e rezo para que desta vez
O forno não funcione.