O toque do silêncio
O toque do silêncio
Se o telefone tocar por entre as sombras da alvorada
No silêncio gritante de uma saudade apertada
Atende a voz ausente do sentimento palpitante
Uma brisa quente de um coração em batimento sibilante
Ouve o som do vazio suave infindo arrastado no tempo
Uma boca que te beija em liberdade num movimento lento
Um suspiro que te deseja aconchegado no regaço
O infinito calado com o grito solto no espaço
Ouve a chuva lá fora que goteja na janela sedenta
Que escorrega agora num fio de água de uma limpidez lamurienta
Os murmúrios da noite estrelada que decora o céu em ecos sonolentos secretos
Ouve apenas a pulsação descompassada dos desassossegos inquietos
Os segredos e dilemas perdidos no peito de olhar transparente
As palavras que não digo no leito dos sonhos esquecidos em delírio ardente
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal