Meio termo
Ainda minto, dizendo aos meus que os adoro
Mas no fundo estou deveras farto e cansado
Como quem cruza os braços na noite escura
Ao aguardo do sol para tomar-lhe a decisão.
Entre as sombras que aqui vagam sem rumo
Te faço clarão, uma miragem no fim do túnel
Como derradeira resposta ao meu desespero
Rotineiro, morada de meus sonhos de Platão.
Sozinho e liberto, revisto de estrelas meu teto
Lamentando pois as mesmas despencarão
Ao chão, onde nunca foi de fato tua morada
Para mim flutuava, enquanto entoava teu não.
Mas não pode um tolo ser propenso a vencer?
A convencer? esticar o braço e alcançar o céu
Revisitando-a todos os dias em pensamentos
Entregando-a mais do que merecias receber.
E meu amor aguardando, em revelia, teu réu
O culpado e não santo, acordado e sonhando
Promete, mesmo não jurando, arrepender-se
Se entregar e existir, entre o amargo e o mel.