Meio termo

Ainda minto, dizendo aos meus que os adoro

Mas no fundo estou deveras farto e cansado

Como quem cruza os braços na noite escura

Ao aguardo do sol para tomar-lhe a decisão.

Entre as sombras que aqui vagam sem rumo

Te faço clarão, uma miragem no fim do túnel

Como derradeira resposta ao meu desespero

Rotineiro, morada de meus sonhos de Platão.

Sozinho e liberto, revisto de estrelas meu teto

Lamentando pois as mesmas despencarão

Ao chão, onde nunca foi de fato tua morada

Para mim flutuava, enquanto entoava teu não.

Mas não pode um tolo ser propenso a vencer?

A convencer? esticar o braço e alcançar o céu

Revisitando-a todos os dias em pensamentos

Entregando-a mais do que merecias receber.

E meu amor aguardando, em revelia, teu réu

O culpado e não santo, acordado e sonhando

Promete, mesmo não jurando, arrepender-se

Se entregar e existir, entre o amargo e o mel.

M B
Enviado por M B em 22/08/2023
Código do texto: T7867842
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