Rua lunar

Sabe quem eu vi quando saí?

O menino que anda por ali,

Pedindo esmola no açaí.

Aquele que mora na rua,

Que diz que foi à lua,

E voltou sem ter onde dormir.

Dei-lhe uns trocados quebrados,

Ele estava bem apressado,

Foi embora sem se despedir.

Mais tarde, na rua ao lado,

Vi o mesmo menino deitado,

Delirando, pôs-se a sorrir.

Dizia ter saído da rua,

Voltado a pé para a lua,

Falava sem ninguém ouvir.

Quando cheguei mais perto,

Vi seu semblante disperso,

Parecia não estar ali.

Deitado, virou-se de lado,

E do nada ficou calado,

Então, eu me despedi.

Peguei a esquina e fui reto,

Passei pela venda do Beto,

No mesmo caminho do açaí.