Ao longe no meu olhar
Ao longe no meu olhar
Tão plácido este azul do rio envolvente
Alonga-se esguio no leito da corrente
Adormece ao largo no silêncio das margens
Desagua no peito carente das minhas viagens
E eu viajo no barquinho que as suas águas acolhe
Ancorada no sonho de quem nada escolhe
É o amor a tormenta que permito e até me agrada
Só de te pensar há uma mão tua que docemente me afaga
Talvez por isso entrego as horas que já nem sequer me pertencem
São tuas no sossego e prazer que tanto carecem
E nesta nudez desmaiada de mescladas cores
Ondulam lentamente as águas paradas dos meus amores
Ao longe o céu descansa no infinito soalheiro do meu olhar
E eu sem barqueiro que me leve ao teu mar!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal