Tem lua no caos
Tem lua no caos
Na balbúrdia cotidiana da vida moderna
Na celeuma incessante da urbe
Que já nem lembra o que é parar
Tem lua na rua
Iluminada pelos clarões de postes e veículos
Focos sintéticos que agridem os olhos
E ofuscam a visão de quem vem de encontro
Tem lua no ar
Carregado de pó suspenso do inverno seco
Poluição flutuante que envenena os pulmões
Que sufoca o fôlego de quem caminha pela vida
Tem lua no barulho
No estrépito de carros, motos e caminhões
Ruído estrondoso que violenta os tímpanos
E desorienta os passos de quem persiste na jornada
Tem lua na pressa
Na correria desenfreada e vazia de sentido
Na submissão alienada à ditadura do relógio
Na alucinação do tudo ao mesmo tempo
Tem lua no fundo
No ilusório aperto
Do espigão de cimento e aço
Que arranha o céu
E da árvore pença, corcovada
Amputada pra não arranhar o teto
Tem lua no telhado
Trazendo vida ao concreto armado
Frio, cinza, ranzinza
De linhas retas, exatas medidas
Paredes que sonham com tintas coloridas
Tem lua na dor
Flagrando a luz que ilumina
A natureza dada como morta
Testemunhando a vida que rebrota
Do drástico, atroz, impiedoso corte
Do tronco que sangrou seiva
Escancarando ao homem sua eiva
Que o levará à sua própria morte
Tem lua na beleza
Clic que revela o fascínio da diversidade
Flash que registra a coexistência pacífica
Dos diferentes que se complementam
Do evidente antagonismo
Oriundo do acaso da composição
À irrefutável constatação
De que a harmonia tem raiz na tolerância
Tem lua na lâmpada
Com humildade de se colocar atrás
Com empatia pra ocupar a posição
De uma mera luminária
Pra potencializar seus reduzidos watts
À magnitude de estrela de elevada grandeza
Retribuição de quem reconhece
Que deve todo seu esplendor
À luz que recebe em outorga generosa
Também ofertada de forma graciosa
Por gratidão compartilha seu deslumbrante fulgor
Tem lua no quintal
Com direito a show privativo
Espetáculo de luz e cor
Brincando com os contrastes
Camaleoa da noite
Pro deleite de quem contempla
Tem lua na vida
Estendendo o manto prateado
Sobre o coração verde
Que teima em resistir
Que insiste em pulsar
Em silêncio, despercebido
Nutrido pelo chão dourado
Tem lua no céu
De braços abertos
Pra tocar a luz da rua
Pra fundirem-se os raios
Pra unirem-se os brilhos
Pra amenizar o caos
Da cidade e do mundo
Pra pegar a Terra pela mão
E seguirem rodopiando
No Baile dos Astros dançando
Ao som da orquestra dos anjos
Afora pelo Universo, infinito salão...
Tem lua clicada!
Tem fotos de tirar o fôlego lá no blog!
Vale demais uma conferida!
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