ESCRITOS DE GAVETA

Houve um tempo em que fui eu

tua orquídea preferida, ali entre tantas

sem cor ainda, brotinho que da terra saía

que você com carinho e zelo mantinha

Hoje não sou a orquídea, na metáfora do verso.

sou rosa orvalhada de um amor inconfesso

Eu que também já fui um jasmim e margarida.

agora assumo a posição de flor mais viçosa

e para os outros mais atrativa, gerando cobiça.

Outros tantos nomes dão a mim, graças a ti

pois em tua lira expandistes esse conceito de flor.

em versos inflados de desejo e puro amor

Ainda assim paira a cisma da flor imperfeita

Para ti, o que realmente sou? A flor que te cativou?

Ora! Como posso de tão longe sentir o sentimento.

que contém em teu coração ainda ardoroso e indomável.

ainda percebendo na distância o desejo que exalas.

quando a pena desliza e o teor do afã ali se propaga.

Eu que estou aqui no jardim entre meio a outras flores

todas elas, com perfumes, aromas e diversos codinome

exaltando a tua feita num entardecer de eternas esperas

para que o jardineiro fiel, chegue, inspire , atreva-se e possa enfim, escolher a mais

a formosa e bela.

para cuidar sem mutilar, deixando -a no seu habitat.

onde sempre poderás olhar e apreciar, até essa brevidade findar.

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