O Ciclo da onda
A noite saindo/
Sob um nevoeiro claro/
Eu passando/
Solitário/
Olhando com esses olhos/
Que a terra há de comer/
Vi dois animais/
Se acariciando como desiguais/
Não entendi o lusco-fusco/
Naquela escuridão/
Que surgiu do apagão/
Mas fiquei a infringir o novo padrão/
Perguntando pelo salão/
Como está a situação/
Não sou juiz de plantão/
Mas se não há ditadura/
Posso ao menos inquerir tudo o que vejo/
E na minha opinião/
Por mais que não mereça qualificação/
Pergunto ao caos/
Por que me ofereço a dor/
Se não quero sofrer/
Com o calor/
Procuro a razão/
Mas na insanidade, eis a questão/
As vezes é tão difícil entender/
O nosso querer/
Quem sabe no mundo do prazer/
Onde as extravagância tem sua morada/
Onde viver é só morrer/
Na via do caos/
Tornar-se difícil o caminho do ser/
Não é poesia/
Numa viagem, que só intelectual/
Dessas passagens podem entender/
Ser normal é a caricatura do surreal/
Fora de uma moda profissional/
Que o amanhã professa/
Como um mal/
Nessa guerra de interseção/
Prova-se que eu/
Posso ser de mim/
O ruim e o melhor pedaço/
Pois amanhã, quando o sol/
Esclarecer ao quarto/
Sobre os segundos/
Você saberá melhor do que eu/
Que essa nova ordem/
Não passou de um parto/
Mal sucedido/
Porque nasci pra ser do amor/
A maternidade/
Não pra inventar o caos na cidade/
Desobedecendo a lei da verdade/
Assim está escrito/
Assim, apesar do livre arbítrio/
Deveria permanecer/