Um dia
Um dia
Um dia esqueci os braços ao vento suave
Deixei-os assim leves e soltos em liberdade
Dei-lhes a plumagem das asas de uma ave
Pedi à ventania uma viagem pela minha fragilidade
Um dia não tive medo da queda inevitável
Achei que na incapacidade a brisa era afável
Enchi-me da coragem que não tinha
Como se não soubesse o que na vida se adivinha
Um dia quis ser pássaro para ver o mundo de cima
Perceber pela distância as veredas onde cada um caminha
Olhar por entre as sedas das nuvens brancas caladas
Acordar em harmonia com o raiar das alvoradas
Um dia fui poeta e voei em poesia tocando o céu
Vivi a fantasia num mundo que só eu sei tão meu
Hoje contínuo num voo de alma serena
Num céu que recrio com a magia de um poema
Luísa Rafael
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Porto, Portugal