A fotografia de um amor
A fotografia
Nunca te vi a alma despida nem o fulgor de dentro
Nem a senti perdida no sabor do sopro do vento
A fotografia fugaz que um dia por amor te tirei
Não tinha a poesia nem o calor que tanto precisei
Era uma película fria sem a música do sentimento do coração
Inerte e vazia sem o batimento em vibração
Tinha apenas a minha mão no teu desabrido e lento rosto
Em carícias serenas de um sentido momento num amor exposto
Tantos beijos que se soltaram docemente dos meus lábios molhados
Olhos que por lá se perderam loucamente enamorados
Quantas vezes no meu peito a tua imagem etérea embalei
Tão nua e desprovida de um tempo eleito em que te guardei
Quantos suspiros meu amor guardaste dos que te dei?
Quantos delirios sonhaste e que eu jamais saberei?
Luísa Rafael
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Porto, Portugal