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  PÁGINAS DA ALDEIA/ UM NOTURNO CÂNTARO

 

         Uma longa noite chega

         e na concha do cântaro 
         dorme um candeeiro

         efervescente,
         com sua florada de chamas,

         ao relento, com suas 
         barrancas de pólen e trovões.

         Abre-me as planuras dos  grãos

         e bebo das águas 
         de sua boca licorosa,

         bebo do mesmo  metal 
         que lhe funde o tormento.

         Aproximo-me, toco-lhe

         a raiz e a rocha,

         e do fiar fervente de seu gume,
         uma alfombra de úmidas sílabas 
         trescala-me sua fragrância 
         entre meus seios...

         E, assim com sua dura 
         transparência de cristal

         cinge-me com a lança de seu fogo,

        e fareja-me ainda 
         a carnadura das brasas e das cinzas,

        como um deus derramado!...

        

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